O morto faz 85 anos e persiste em estar morto, que é como quem diz, aparentando estar morto. Ou como se diz nas coisas do Direito: estar formalmente morto. A verdade é que já nem se pode visitar a campa: cremaram o morto. Ao que chegámos: agora, eu e o L., já não temos por que ir aos Prazeres. Uma campa, mesmo que de terra castanha, sempre marcava um lugar, onde pudéssemos estar de pé, a pensar no morto. Mas hoje não é dia de lamúrias, para mais por um morto que, na verdade, está vivo. Hoje celebramos o morto. 85 anos de morto, dos quais, boa parte esteve formalmente vivo. O resto tem sido nas nossas costas e horizonte e não nos tem pesado nada. Parabéns.
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