sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Qualquer coisa como felicidade

Não me lembro como cheguei à John Burnside, mas sei que foi pela poesia, com o The Good Neighbour, pois a Amazon.co.uk informa-me que o comprei no dia 14 de novembro de 2005. Há por isso, agora que penso no ano, boas hipóteses de ter sido o TLS a dar-me Burnside, uma vez que nessa altura era seu assinante. 

Gostei muito de The Good Neighbour e nos anos seguintes continuei a comprar e a ler a poesia de Burnside, com The Light Trap e Asylum Dance. O que nesse primeiro encontro com Burnside me agradou na sua poesia (talvez o que me tenha levado até ele, se encontrasse a recensão do TLS responsável) foi uma projeção de características a que dou valor na minha vida: o que ele escreve sobre a intimidade, a solidão, a quietude encontrava um espaço natural em em mim. Mas também a capacidade de fazer poemas com a matéria do quotidiano sem necessariamente comprometer a riqueza e, por vezes, elevação do vocabulário, da sintaxe, do ritmo. Ficou um dos meus poetas preferidos até hoje. 

Em 2014 resolvi explorar a sua prosa e comprei Something like happy, uma coleção de contos. Só os li esta semana. Os temas de Burnside de que gosto estão lá todos, mas com a elaboração da prosa, os cenários, os pequenos detalhes e, por isso, com uma persistência e uma intensidade que me agradou muito. Qualquer dos contos é uma peça muito bem desenhada, construída e polida, sobretudo no modo como um tema escolhido é dividido pelas personagens e pelas suas (aparentemente) normais interações. Maravilhoso.

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