segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Santa Teresa de Ávila

Devido ao livro que estou a tentar acabar de escrever, ando a aprofundar leituras sobre experiências místicas. Até aqui as minhas principais leituras haviam sido sobre o misticismo islâmico, que há muito me interessa e sobre o qual há muito leio. Dos dervixes dançantes a Attar, de Rumi a Ibn Arabi, o Islão está cheio de experiências místicas muito interessantes e ricas.

Mais recentemente, contudo, decidi aprofundar o pouco que sabia sobre o misticismo cristão/católico. O meu contato mais próximo havia sido com Angelus Silesius, que continua a ser até hoje e desde a adolescência uma das minhas leituras preferidas, mas tinha na cabeça São João da Cruz e Santa Teresa de Ávila. 

Comecei pela autobiografia de Santa Teresa de Ávila onde me interessava ler as várias fases da oração contemplativa que ela preconiza e que são dadas como um exemplo cimeiro do misticismo católico. Terminada a leitura se calhar devia ter passado para São João da Cruz, mas resolvi temperar o êxtase místico de Santa Teresa com a racionalidade de Santo Anselmo e comecei a ler as suas obras completas, daquele que é um dos doutores da Igreja que mais me fascina.

Quanto à Santa Teresa de Ávila, serviu o meu propósito: as minhas leituras sobre o tema do misticismo visam ajudar-me a mergulhar no tema do meu próximo livro, que se desenvolve em torno da ideia de desejo como expressão das limitações e vontade de superação. O misticismo é, para mim, uma forma de desejo ou uma expressão de desejo e essa é uma das dimensões que pretendo explorar no livro. Nesse sentido, a autobiografia de Santa Teresa, com as suas lições sobre oração, sobre a comunhão com Deus e a sua perceção do que isso significou na sua vida, são um testemunho muito interessante e inspirador. Ainda assim não sei se alguma vez irei ler o Castelo Interior, por mais interessante que me pareça: o tema em Santa Teresa surge-me um pouco repetitivo e, tirando investigadores especializados na sua vida ou na temática própria da oração católica, desmotiva leituras ulteriores.

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