quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Sete anos e um dia

E ao sétimo ano não fomos visitar o Zé Manel. Quer dizer, não fomos no dia 10. Fomos no dia 11. O L. estava doente e sozinho com o filho pequeno, eu ia ver o jogo mesmo a meio da tarde e, de repente, o cemitério estava fechado. Fiquei a pensar nisto: em como ao sétimo ano iríamos falhar o dia. Aquele dia. Dia 10. Aquele exato e específico dia, que é o dia do aniversário da morte. Custou-me um bocado. Mas depois pensei no morto. Que pensaria o morto? O morto compreendia e aceitava quase tudo. Um filho pequeno de certeza, uma doença, claro, um jogo de futebol, quase de certeza. Fomos no dia seguinte. Chegámos depois da hora (eu troquei o horário de inverno pelo de verão) e só um segurança amável nos deixou não adiar mais a visita de aniversário. Lá ficámos. Em pé. Ele deitado. Todos em silêncio. Durante uns valentes minutos. Depois fomos beber um café e prometemos um ao outro (e ao morto) que no próximo ano não haveria falhas. A intenção e a promessa já ninguém nos tira.

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