segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ordet 2011

Este é o post 2011, no ano de 2011, de um blog com 7 anos. Teria sempre que ser um post especial, tal é a marca simbólica que carrega.

É também um post escrito às primeiras horas do dia 10 de Janeiro de 2011, quanto perfazem dois anos sobre a morte do morto. Passou pouquíssimo tempo, pois. Tanto que ainda não enterrei o morto. Entretenho-me com a sua qualificação, como se fosse a única coisa real. Como se dizê-lo morto fosse mais real do que a sua morte. Dá-me ideia que não vou a casa dele há muito tempo, que o correio se tem atrasado. Só isso.

Tenho revisto filmes do Manoel de Oliveira como se não houvesse amanhã. É uma espécie de tributo. Ofereceste-me tu aquela caixa que, entre tantos filmes, contém a Caixa. Bem sabias ser o meu filme preferido dele. Com pena, não a Francisca. Pena de ambos.

Não creio que tenha feito algo mais em tua homenagem, se isto o tem sido. Não és para homenagens. Mas as palavras são sempre aproximações imperfeitas. Quando são mais é sortilégio nosso, que vemos nelas o que não têm, que as completamos. Talvez isso faça os bons escritores, os bons amigos e tantas outras coisas.

Sou bem capaz de acabar isto que escrevo para ti e escrever a um nascituro. As palavras, quem mais delas necessita, são os que aí vêm e os que já foram. Aos que cá estão recomenda-se prudência. Filha minha, filho meu, música ou física, para ter outra linguagem que não as palavras. O pai já está perdido, como tu, meu também pai, também estavas. Mas a nossa perdição é bem diferente. A tua é doce, a minha ácida. Temperávamo-nos.

Um abraço. Encontramo-nos aqui em 2012? Logo se vê.

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