sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Correr porque sim

Não é apenas porque conheço parte desta malta mas porque a ideia é óptima (e me permite um post sobre correr), vale a pena a leitura deste blog e, sobretudo, acompanhar as aventuras dos seus protagonistas.

Lembro-me quando correr era para mim coisa de atletas de competição ou de parvos. Na altura não reflecti sobre como se passava de uma condição para outra ou como se podia evitar uma entrando directamente para outra. A categoria do correr porque sim (porque é saudável, porque é divertido, porque é bom) não entrava no meu entendimento: com tanto desporto interessante porquê correr, apenas correr? A ideia parecia-me árida e triste. E assim foram passando os anos em que me dediquei à natação, ao basket, às artes marciais e sei lá mais ao quê.

Foi já bem crescido que me pregaram a partida que haveria, anos mais tarde, de despoletar o meu interesse pela corrida: uns colegas de trabalho perguntaram-me se queria ir à mini-maratona de Portugal (vulgo, da Vasco da Gama). Eu, que sim, sem sequer saber o que era e, mais importante, que distância era. Consegui acabar mas parando pelo meio. Desde então tenho feito sempre as duas mini-maratonas de Lisboa (a da 25 de Abril e a da Vasco da Gama) com objectivos graduais: primeiro não parar, depois, não andar, depois, melhorar o meu tempo em cada uma delas. Cada uma é cerca de 8 km.

Mesmo assim continuava a não correr. Incrivelmente só corria nas mini-maratonas. Até que há uns dois anos deixei de fazer desporto regularmente e, por razões profissionais, era difícil conseguir marcar horas fixas para praticar alguma modalidade ou mesmo para jogar à bola com amigos. Correr apareceu assim em todo o seu esplendor, brandindo o que tem de melhor: a sua versatilidade. Pode correr-se em quase todo o lado, é preciso um equipamento mínimo e, importante, pode correr-se sozinho, desde que haja disposição para isso.

Lisboa oferece alguns dos melhores cenários de corrida, aspecto que vim a descobrir ser essencial para a (minha) motivação para correr. O meu percurso de eleição, Doca de Santo Amaro-Torre de Belém, ida e volta, é um dos mais bonitos de Lisboa, com a vantagem de ser totalmente plano, numa cidade de muitas colinas. Mas há também o Monsanto, o Parque das Nações, o Estádio Universitário... O meu percurso tem também a vantagem de ter mais ou menos a mesma distância que as mini-maratonas e, por isso, ajuda-me a treinar.

Mesmo assim continuava a dizer que era um corredor diferente, não corria nas passadeiras dos ginásios, por exemplo. Não fazia aquelas figuras. E depois veio o Inverno e eu deixei de poder correr ao ar livre. Inscrito no Ginásio Clube Português, onde vou todas as semanas, a tentação era grande e a ressaca de não correr ainda maior. Certo dia de chuva resolvi experimentar. E lá passei a correr (também) na passadeira do ginásio, quando o tempo não permite the great outdoors.

Pelo meio de tudo isto, a minha magnífica mulher, percebendo o crescendo de interesse e importância que a corrida assumia na minha vida, resolveu artilhar-me com o mais moderno equipamento de apoio ao corredor solitário à beira-rio: um kit da Polar, composto por relógio, medidor de batimento cardíaco e medidor de distância e velocidade para o pé.

Finalmente, há poucos meses rendi-me ao iPod como companheiro de corridas, tendo já desenvolvido aturadas pesquisas para produzir the ultimate running playlist. Além de ouvir o último álbum de Arcade Fire repetidamente, o que resulta sempre numa corrida de ritmo poderoso.

Correr, correr, correr. E todo o tempo do mundo para reflectir e relaxar.

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