quarta-feira, 23 de junho de 2010

Quantos posts são o presente?

Andava há meses (talvez sejam anos) a matutar no modo como devo lidar com o passado do Límpida, et pour cause, com o meu próprio passado. Já aqui escrevi algumas vezes, por exemplo, o quanto gosto de encerrar, fisicamente para além de metaforicamente, o passado em caixas. Mas aí não se coloca o problema que o blog coloca: a publicidade de um passado específico.

Se por um lado a favor da publicidade milita para mim o poderoso argumento, um argumento de lógica própria, diria, de que uma vez público sempre público - o que significa que o problema da publicidade dos arquivos na verdade é o problema da decisão sobre o que deve ser alguma vez público ou não; por outro lado, o passado e o presente são matérias cujo peso específico é de tal modo volátil e subjectivo que convivo de modo muito diferente com o passado e o presente da minha escrita e do seu conteúdo de modo de comunicação para modo de comunicação.

Aqui, neste blog foram passando (passaram já) sete anos da minha vida. O Francisco que era em 2003 não é o Francisco que sou hoje e esse é o ponto, revelo já a minha posição filosófica sobre a questão de fundo: o que vai num blog, por muito que se diga o contrário (e que se tente o contrário) é a pessoa e não uma obra. Daí que seja apropriado dizer-se que neste blog fui passando e não fiquei como fica uma obra ou como se fica numa obra.

Eu nunca quis ficar neste blog, de um modo público pelo menos; quis sempre ir passando. Do mesmo modo não quero - e esta era a dúvida final com que me debati até hoje - que este blog fique como obra, testemunho ou outra coisa qualquer. Quero que ele seja o que eu sou. Alguém que está aqui e agora a escrever para fazer qualquer coisa.

Quantos posts são, por isso, o presente, o devir, o agir? Não sei. Mas para já fica em 23 e não se fala mais nisso.

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