sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Poesia?

experimenta espetar um ferro em brasa pelo teu peito
primeiro pelas costas até chegar à boca do teu coração e
além. Até sentires a carne a dançar em torno do tição.
Deixa, depois, sarar, deixa passar os anos. Não dói.

(a dor é o menos, a dor é o menos, a dor é o menos)

Depois deixa-te à noite de Lisboa, vai ao cair da meia noite,
pela rua de O século, sem ninguém, algum jovem perfumado,
alguma mulher mulata ligeira, assustada. E pensa:
o ruído da cidade para mim é música. Lisboa cantando.
Para mim é silêncio, pois a brasa não tem voz e só o fogo crepita.
As memórias, por isso, nunca são fogo, são braseiro.

Poesia? Experimenta andar em Lisboa, num dia frio.

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