sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Estudos em prelúdios para uma Allgemeine Theorie der Einsamkeit - I

O homem cresceu. O homem vai de fim-de-semana com outros homens, amigos: delimitar um espaço, que é - olhando bem - um modo. Um modo de ser homem. O homem tem dois filhos, outro, amigo, tem também dois filhos, outro, ainda, amigo também, tem três filhos. Mas os filhos não vão. Como, aliás, não vão as mulheres: todos casados. Só eles, os homens, vão. Mas os homens já não vão a lado nenhum sozinhos. A sua solidão é coisa nova, distinta. A sua solidão cresceu com eles. Eles não são já homens só: são uma família. Onde eles andam anda com eles a sua família e cada passo carrega essa solidão maior, inevitável. O homem cresceu, cresceu com ele a vida que exerce sobre o mundo, como a solidão que o habita e que ele habita. O homem e os homens amigos, que com ele estão agora, são o que são e não se foge - há sempre, desde Bach, uma fuga imperceptível entre as melodias do mundo - pois a única solidão possível é aquela que se abraça e que inclui o que se pode, o que se tem, o que se deve. Com toda a força.

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