O eleitoralismo das eleições: uma redundância paradoxal
O que chegou primeiro: os ataques aos Governos a um ano de eleições ou as promessas do Governo a um ano de eleições? Lamento ter que responder assim mas: é casuístico.
Não é novidade mas em Portugal assiste-se agora à tentativa de criar uma vaga de fundo de crítica ao actual Governo. A estratégia depauperada pelo gasto mantém-se simples e, por isso, resistente: a um ano de eleições tudo o que um Governo faz tem intuitos eleitorais. Este interessante fenómeno politiqueiro com pretensões a fenómeno de ciência política integra várias premissas cómicas e permite várias conclusões não menos hilariantes.
Comecemos pelas premissas:
1. Uma vez que tudo o que um Governo faz a um ano de eleições tem intuitos eleitoralistas, embora a legislatura dure quatro anos, deve deduzir-se que quem defende esta tese considera que os portugueses apenas apreciam o último quarto do mandato governamental. É uma espécie de cálculo de aposentação na lógica dos últimos 10 anos dos 40 de contribuição social;
2. A outra premissa interessante, que se relaciona com esta, subentende que o Governo acredita que "o povo tem memória curta". Este brevíssimo apontamento não tem capacidade técnica para avaliar da veracidade da locução anterior mas basta-nos apenas considerar que tal é considerado como verdadeiro pelos defensores desta tese fascinante.
3. Uma premissa final é a de que o Governo só faz o que faz a um ano das eleições porque está a um ano das eleições e não porque decorre do planeamento governativo (esta premissa pode decorrer de uma outra que é: não haver planeamento governativo)
Vamos às conclusões:
1. A primeira grande conclusão é a de que o povo é estúpido. Esta conclusão é incontornável pois resulta de qualquer perspectiva que adoptemos. Uma vez que o povo avaliaria quatro anos de Governação por apenas um, é caso para dizer que o povo é muito estúpido.
2. A segunda grande conclusão é a de que o Programa de Governo é irrelevante para avaliar se um Governo está realmente fazer o que disse que ia fazer, embora a um ano das eleições, ou se está a dizer que vai fazer o que vai fazer por estar a um ano das eleições. É complicado, eu sei.
At least, we amuse the others...
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=frw4KMrynD0&eurl=
ass: Miss Mia Wallace
o que mais me intriga no fenómeno é uma outra premissa que me parece estar sempre subjacente à lógica politiqueira. a de que um governo fazer coisas com intenções eleitoralistas é necessariamente mau.
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