quarta-feira, 26 de março de 2008

Da ironia (das colonizações, impérios e outras geopolíticas)

A razão pela qual gosto de ser religioso é a humildade que me é assim permitida invocar para o ser humano enquanto espécie. Repare-se na ironia. A ironia, não tanto a pessoal, mas de inteiras situações humanas é de tal modo genial que seria uma petulância considerá-la produto da humanidade. Simplesmente, mais vale admiti-lo, não está ao nosso alcance. A alternativa, dirão, é remetermo-nos ao acaso, à feliz ou infeliz coincidência. Pode ser. Duvido. E aí me confesso religioso.

Veja-se a beleza contida numa notícia económica recente: empresa indiana Tata compra Land Rover e Jaguar à Ford. Ninguém sorri com uma notícia destas? Talvez seja a perspectiva que não permite perceber a beleza: não podemos olhar para esta novidade com um olhar económico. É a ironia histórica que ressalta. Já era interessante constatar que duas marcas emblemáticas do poder industrial britânico estavam em mãos do primeiro dos países a abandonar o Império de Sua Majestade mas agora é um dos mais promissores e irreverentes membros Commonwealth que adquire duas jóias da coroa automóvel britânica. Nehru estar-se-á, com certeza, a rir.

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