quarta-feira, 18 de julho de 2007

breve poema em forma de filosofia

as tuas inquietações inquietam-me:
vais até à margem mas não importa:
já trazes o rio por dentro.
percorres sem rumo a cidade
mas a cidade não te ajuda:
a cidade só ajuda os que se ajudam,
o resto é morte e sem-abrigos. E
há vários tipos de morte, como sabes.
com a cidade e o rio impotentes
viras-te para o lado: mas o teu lado
é gente e gente que não te entende.
Mas que te ama. Ainda mais te inquietas:
um pouco menos por fora, um pouco menos
por dentro, tudo mexido duvidas. Dúvidas
de tudo. Da cidade, do rio, do teu lado.
Sobras tu: mas tu estás tão inquieta que
nada te descansa. Dizes que queres
a tranquilidade como se se pudesse encontrar
perdida no meio da rua - e tu andas tanto
pelas ruas da cidade, depois da margem do rio
antes de te deitares ao teu lado, antes de te veres
para dentro: nada da tranquilidade que queres.
Talvez não esteja perdida mas antes por fazer.
Mas tu estás muito inquieta e a tranquilidade
não se faz com mão trémula, menos ainda com um
coração que rebenta, com uma cabeça que tonteia.
E aí vais pela margem, pela cidade, pelo teu lado,
por ti a dentro, sem qualquer rumo, sem nada.
Só o azar te pode valer, um piano que te caia em cima.
Com muita música e a metáfora toda.

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