terça-feira, 4 de maio de 2004

Daqui a 6 meses havemos de estar a rirmo-nos disto tudo



Eis uma frase magnífica.



Lema da minha vida, título de um post que ali escrevi em 1 de Outubro de 2003. E o que significa afinal?



Desde logo não significa que tenha uma fé cega optimista no inevitável progresso das nossas vidas. Trata-se, como se tratam quase sempre as minhas afirmações mais arrogantes e prepotentes, de uma provoação a um deus maior. A um poder invisível. Trata-se de desdenhar da má sorte, de rir na cara das contrariedades e teimar - teimar sempre! - em dar a volta por cima. Aceitar a dor, claro. Aceitar a perda e a derrota. Saber que nada nas nossas vidas é absoluto mas sempre relativo à situação. O status quo é afinal o que mais nos condiciona e o que mais devemos combater. Aceitemos, por isso, a mágoa, venha ela explicada ou seja súbita e incompreensível mas acreditemos num futuro radiosos. Mesmo e sobretudo, sem qualquer razão para isso. Acreditemos por acreditar. Acreditemos no Tempo porque é Tempo. E é ele, acelerado pelo nosso desejo, que muda tudo, mata tudo, tudo faz renascer.



Daqui a 6 meses havemos de estar a rirmo-nos disto tudo é o último esgar dos derrotados da vida, para homenagem breve a Eça. Pois na verdade é um reconhecimento da perda, da infelicidade, da tristeza, mas acompanhada de uma provocação ingénua, crédula em algo melhor.



Não há outra imagem tão boa para exemplificar o que estou a dizer, do que a última corrida de Paul Newman e Robert Redford, como Butch Cassidy and the Sundance Kid, rodeados pelo exército boliviano, para a morte...incerta.

Incerta pois o importante é não tombar por dentro. Mesmo que se tombe por fora.



O importante não é crer que daqui a 6 meses nos estaremos a rir de tudo isto mas crer na aventura da vida, na novidade, no caminho, no improvável. Teimar em estar vivo, contra tudo.

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