segunda-feira, 5 de janeiro de 2004

O Presente



Gosto de ti, digo-te. Amo-te, digo-te.



Nunca te direi, Vou amar-te para sempre; Aconteça o que acontecer estaremos sempre juntos; Tu e eu somos para Sempre. E tantas outras variações.



Dir-te-ei muitas vezes tudo isto que agora neguei. Na verdade muitas vezes te disse e mais te direi que Somos para sempre; Que quero ficar contigo a Eternidade e Um dia.



Paradoxo: estou na verdade a dizer-te uma e a mesma coisa. E nenhuma hipocrisia há aqui.



A eternidade, o Sempre (tal como o Nunca) nada mais é do que uma vontade. O que te estou a tentar dizer é que apenas o Presente existe.



Digo-te gosto de ti. Digo-te amo-te. Agora. Só agora conta. Prefiro as palavras simples, se te soubesse completamente dentro de mim - ainda não me livrei de toda a insegurança (ainda bem) - sorrir-te-ia apenas. Seria o mesmo. O meu sorriso é a suprema forma de dizer que te amo. O dizer que te amo é a suprema forma de te sorrir.



Será sempre agora. Eis o paradoxo. Se te prometo, se desejo o Para Sempre é verdade. Sou genuíno. No momento em que o faço sabe que o meu para Sempre existe. Consome-se naquele momento toda a minha vontade de perpetuar o exacto instante em que te sinto Amor.



O que estou a tentar dizer-te é que o meu maior desejo ou sonho, como queiras, é ser singelo.

É poder olhar-se e sorrir-te e saberes-me todo. E, na sua impossibilidade, por reticência minha, dizer que te amo. Sem mais. Agora. Que é sempre.



Olho-te nos olhos ou olho-te no meu horizonte, se comigo não estás, e pronuncio o Presente Amo-te. E só isso importa. Pois se esses momentos perpetuamente se reproduzirem então o Sempre de vontade e caminho se fará em existência. Em vez de apenas ideal.



Não há amanhã para Amar-te. Amar não tem Futuro. Só se conjuga no Presente. Amo-te hoje. Mas se amanhã houver então que se aPresente. E continuamente te amo.



Gosto de ti.

Se me amas sei que perceberás.

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