quinta-feira, 8 de janeiro de 2004

Essa palavra assassina, filha da razão



alguém o escreveu assim...



O que dista de nós ao outro é a palavra e o já dito que circunda a nossa mente. As vontades que s'encontram nos gestos e tremores, nas emoções reconhecidas, nos instintos convidados, esbarram forte na impotência da palavra. A sua pequenez mirra a vontade, tolhe todas as emoções e reduz - ou reconduz - os instintos a malvadez. E assim morrem sentimentos ou ficam sós sem respirar. Contidos brutos, em suspensão. Apodrecendo, enlouquecendo, escapando sempre em vão. É clara a crença como morte da palavra, só ela a ultrapassa e faz dela pouco ou nada. A crença sabe certos os encontros, que a palavra desconhece, da força que nos une e aos corpos acontece. Temos de matá-la, essa palavra assassina, filha da razão, que pensa os encontros da pele, os fascínios dos lábios para temê-los face à dor. Que sabem o corpos da dor? As sezões dos poros opostos? Não sabem nada, são só calor. E se a crença mata a palavra, esse filha da razão que fala ao outro, não haverá vozes, só arrepios e contactos de corpos que se querem.



Carlos da Maia

Sem comentários:

Enviar um comentário