quinta-feira, 20 de novembro de 2003

Outro Lado da Lua



Um momento para reflectir sobre a névoa provocada pelo véu da intimidade virtual.



O outro lado da lua - é sabido - nunca se revela, por isso seria, desde logo, tarefa difícil tentar compreendê-lo e, bem assim, intuí-lo. No entanto, o ciberespaço e os blogs, pela sua natureza confessional, convocam uma tendência intuitiva muito forte. Dou por mim a assumir os sentimentos daqueles que estão por trás das palavras e das imagens de certos blogs, embora tal intuição não resista, de modo nenhum, a uma análise fria do real conhecimento que tenho dessas pessoas. Mas, por outro lado, falo de intuições e estas operam justamente nos limites da razão, muito para além dela.



Assim é com Lénia, cujas fases elípticas acompanho silencioso há alguns meses. Nos últimos dias a tal intuição tentadora levar-me-ia a uma preocupação, não menhos estranha, com a sua felicidade. Mas real ou virtual o que importa é que alguém que se habita de Lua sempre estará nas suas linhas: variáveis, imprevisíveis mas envolventes e profundas.



Talvez o importante quanto a Lénia, seja, pela minha parte, desejar-lhe a força e a sensibilidade, que sempre tem demonstrado, para navegar pela turbulência dos dias lunares; quanto a mim, desejo poder continuar a intuir ingenuamente o que se passa entre a margem do real e do virtual. Mesmo que me engane, apura-se a dança enganosa das palavras e das vontades.

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